Ao desejar reproduzir um cenário por meio do desenho, como se fosse uma fotografia, treinamos o olhar para uma realidade material somente e deixamos de lado a sensibilidade e a emoção. Acabamos não desenvolvendo a capacidade de autoanálise e a observação do nosso mundo emocional e criativo, isso por que toda a representação gráfica é fruto de uma interpretação.
Mas, afinal, o que é realidade? Segundo o ilustrador alemão Felix Scheinberger, autor do livro Sketchbook sem limites, a realidade é um meio termo de várias perspectivas. “Se sua preocupação é reproduzir o tema escolhido nos mínimos detalhes, então você deve se esforçar para alcançar o máximo de precisão”, escreve o artista. Por outro lado, se a intenção for expressar a atmosfera de um cenário, ele recomenda recorrer a um desenho expressivo.
Ao desenhar com foco no objeto, ao invés da emoção, tendemos a cair na armadilha do nosso próprio julgamento. Quantas vezes você tentou retratar algo e acabou se julgando porque o desenho não fazia jus à realidade? O julgamento leva à autocrítica, que por sua vez acaba criando um bloqueio. Não quero dizer que você não deva se aprimorar, mas arte não é só técnica. Muito pelo contrário, ela possibilita acessar o mundo interno, das emoções e da sensibilidade.
Um exercício prático para desenhar sem se apegar à realidade é o desenho cego. Basta pegar uma folha de papel e desenhar sem olhar para ela, apenas para o objeto que está sendo retratado. Ao fazer isso, você vai praticar um exercício de desbloqueio e anular o autojulgamento enquanto cria a sua obra, olhando o resultado apenas no final.